Aconselhamento para gestantes
Tem como objetivo principal explicar em detalhes o resultado da ecocardiografia fetal, isto é, a cardiopatia congênita, traçando prognóstico da doença em termos de risco cirúrgico, sobrevida e qualidade de vida da criança. O cardiologista fetal vai identificar a melhor conduta terapêutica e também calcular e comunicar os riscos genéticos para futuras gestações. Pode ser necessário organizar apoio psicológico ao casal, dependendo da gravidade da situação.
A prática clínica da cardiologia fetal envolve etapas fundamentais:
• Primeira ecocardiografia fetal: tem como objetivo dar o diagnóstico preciso e detalhado da cardiopatia;
• Primeira consulta de aconselhamento: tem como objetivo explicar em detalhes o resultado da ecocardiografia fetal, traçando prognóstico da cardiopatia em termos de risco cirúrgico, sobrevida e qualidade de vida da criança;
• Consultas de aconselhamento subsequentes: tem como objetivo planejar o parto em centro de referência capacitado em cardiologia pediátrica e cirurgia cardíaca neonatal. Um ecocardiograma após o nascimento deve fazer parte do planejamento para confirmar os achados assim como a reserva de vaga na UTI neonatal com equipe de cirurgia cardíaca ciente do caso. Sempre que possível, é de fundamental importância levar o casal para conhecer o centro obstétrico e a UTI onde o bebê ficará após o nascimento para se amenizar o impacto emocional a medida em que há tempo para se acostumar com a situação.
• Seguimento da gestação:
a) a ecocardiografia fetal mensal é obrigatória para avaliar piora clínica resultante de hidropsia, progressão das lesões, ou avaliação de lesões de aparecimento tardio. Embora toda a embriogênese se complete precocemente, em torno da oitava semana de gestação, como o coração é um orgão que se movimenta e sofre modificações relacionadas ao crescimento, não se deve ter o conceito que o diagnóstico da cardiopatia é definitivo, independente da idade gestacional;
b) ultra-som obstétrico morfológico para avaliação de malformações associadas e peso fetal;
c) cariótipo fetal: toda cardiopatia é indicação de cariótipo fetal pela possibilidade de associação com síndromes cromossômicas. Entretanto, como se trata de um procedimento invasivo com risco de perda fetal (1 a 2%), o médico deve explicar os riscos e benefícios e deixar que o casal decida;
d) vitalidade fetal, para avaliação de sofrimento e bem estar fetal. Um perfil biofísico fetal deve ser feito semanalmente no final da gestação, pela maior possibilidade de sofrimento fetal;
e) dopplerfluxometria obstétrica, como auxiliar da avaliação hemodinâmica fetal, pela utilização da análise dopplerfluxométrica dos fluxos das artérias umbilicais, uterinas, cerebral média e ducto venoso.
Decisões importantes são tomadas baseadas no aconselhamento. As etapas da consulta são, geralmente, cinco:
1) Fornecer informações sobre a cardiopatia congênita fetal, incluindo diagnóstico, prognóstico e riscos futuros;
2) Auxiliar a família na compreensão das informações fornecidas;
3) Conversar acerca das opções e dos tratamentos adequados;
4) Apresentar alternativas quanto ao tratamento do recém-nascido cardiopata;
5) Dar suporte às decisões da família e assisti-los na melhor forma de se ajustarem ao problema eventualmente diagnosticado.
Dúvidas e angústia extrema sempre ocorrem após um resultado de exame alterado na gestação, surgindo questionamentos importantes sobre o risco de morte, necessidade de cirurgia, período de recuperação, tipo de cirurgia, qualidade de vida após os diversos tratamentos, possibilidade de complicações e/ou seqüelas após cirurgias e longevidade.
O aconselhamento costuma orientar os casais e diminuir a ansiedade, a medida em que explica a doença e as dificuldades que serão encontradas. Ajuda a gestante e seus familiares a conhecer quais são os exames fetais disponíveis durante a gestação e as vantagens e limites de cada um. Ajuda o casal a compreender os fatos médicos, incluindo o curso provável da cardiopatia congênita já diagnosticada no feto, e as condutas disponíveis; avaliar como ocorre a hereditariedade para o distúrbio diagnosticado no feto; compreender as alternativas para lidar com recorrência; abordar posições apropriadas para a evolução da gestação, de acordo com as metas do casal, padrões éticos, morais, religiosos e econômicos. Deve ser discutida a melhor maneira de adaptar-se ao nascimento e à vida de um bebê cardiopata na família.
B) Exames complementares – Podem ser necessários e solicitados, por exemplo: exame de cariótipo (cromossomos) de alta resolução em sangue (criança ou casal); exames bioquímicos para doenças metabólicas ou auto-imunes; exames moleculares em DNA para diagnósticos de síndromes genéticas específicas; exame dos cromossomos fetais em vilos coriais ou líquido amniótico, durante a gravidez.
C) Planejamento do acompanhamento do feto cardiopata – O aconselhamento visa estabelecer um cronograma seguro de acompanhamento do feto cardiopata, através de ecocardiogramas seriados, evitando-se assim a instalação de insuficiência cardíaca e deteriorização cardíaca fetal não acompanhada. Isto permitirá que condutas como utilização de cardiotônicos ou anti-arrítmicos, ou até mesmo a antecipação do parto seja indicada, em caso de piora clínica.
D) Planejamento do parto do feto cardiopata – Deverá ser planejado, quando necessário, em hospital de referência em cardiologia pediátrica e cirurgia cardíaca infantil, com equipe multidisciplinar, de tal maneira a diminuir riscos para o recém-nascido cardiopata.
- Exames e consultas:
(011) 3254-1010